segunda-feira, 14 de junho de 2010

Depoimentos reais de vítimas de agressão doméstica

Os depoimentos abaixo foram retirados de uma reportagem da revista Veja (edição 1947, 15 de março de 2006).

Tammy Santiago, 38 anos, fluminense, comerciante
"Quando me casei, larguei meu trabalho para ser secretária do meu marido. Em 2004, depois de dez anos de casada, descobri que ele tinha um caso com uma garota de 16 anos. Pedi a separação. Ele não aceitou e começamos a ter brigas cada vez mais sérias, até o dia em que ele me derrubou com um tapa. Como foi a primeira vez, fiquei calada. Mas aí começou uma fase de violência física constante, e depois de muito apanhar resolvi registrar queixa na Delegacia da Mulher. O mais triste foi quando minha filha (de outro casamento) revelou que meu marido a molestava. Consegui na Justiça a separação de corpos e em seguida ele levou todos os móveis da casa. Depois de tudo, eu fui a única que ficou presa. Tenho medo de sair de casa e de que aconteça algo comigo e com minha filha. O mais chocante é que ele é um arquiteto e urbanista, com pós-graduação, que não fumava, não bebia, não se drogava. Era um marido exemplar."

Ingrid Saldanha, 32 anos, carioca, atriz
"Eu tinha só 14 anos quando a gente se conheceu e ele sempre teve muito ciúme. É até engraçado, porque o famoso e bonitão era ele. Mas o fato é que desde o início do meu casamento volta e meia os desentendimentos terminavam em violência física. A gente se separava e depois voltava. Passei muito tempo evitando enxergar, acreditando no amor, tentando preservar a família. O Kadu é um ótimo pai, do tipo que acorda cedo para fazer vitamina para as crianças, ajuda a fazer o dever de casa. Eu não queria privar os meninos dessa convivência, mas hoje consigo enxergar que isso foi um erro. Numa situação de violência a auto-estima fica lá embaixo, você não consegue produzir nada, só uma fantasia de que aquilo tenha algum futuro. Acaba se prejudicando e também prejudica a família. No Carnaval, quando ele me bateu, acabei explodindo e expondo todo mundo exatamente da maneira que sempre lutei para evitar."

Nelson Furtado, tesoureiro, cunhado da professora Núbia Conte Haick, de 42 anos, assassinada no ano passado pelo ex-marido
"O sofrimento da minha cunhada começou um dia depois do casamento. Ela apanhou do marido ainda na lua-de-mel. Mas, por medo e vergonha, ela dizia que havia caído ou se batido. A família demorou a saber o que se passava, mas ela fez várias denúncias à polícia. Dezenas de boletins de ocorrência e laudos do Instituto Médico Legal que comprovaram as agressões que ela sofria não foram suficientes para colocar o Ismael (Haick, ex-marido de Núbia) na cadeia. Fui uma testemunha do terror que esse homem impôs a toda família. Um dia, já depois da meia-noite, recebi um telefonema da babá dos meus sobrinhos dizendo que Núbia não havia chegado em casa. Na hora eu pensei: meu Deus, perdemos a Núbia. Na manhã seguinte fomos à delegacia e soubemos que um corpo de mulher havia sido encontrado num matagal. Quando reconheci o corpo no IML, fui tomado pela revolta. Todas as denúncias que a Núbia apresentou à polícia não serviram de nada para evitar que ela fosse morta."

Salma Teresinha Vilaverde, 46 anos, gaúcha, produtora cultural
"Casei com 19 anos e não imaginava que existisse nada parecido com o que aconteceu comigo. A primeira atitude de violência foi um mês depois, por causa de um armário que comprei sem avisar, para fazer uma surpresa. Ele me deu um soco no queixo que me deixou com problema no maxilar para o resto da vida. Passei fiascos em público com cena de ciúme. Agüentei esse tipo de coisa seis anos. Ele me batia, me esgoelava, me punha arma na cabeça. Eu continuava achando que ele precisava de ajuda e que eu era a única pessoa que podia ajudá-lo. Não tinha medo. No dia em que tive medo, saí de casa. Saí também da minha cidade, e só consegui voltar quase vinte anos depois. Foi tamanho o bloqueio que não conseguia lembrar das coisas ligadas ao casamento. A violência soterra lembranças, doçura, meiguice. Mas é possível se restaurar, juntar os cacos, sem ficar dura e empedernida para sempre."

Sandra Fernanda Alves Farias, 36 anos, pernambucana, funcionária da prefeitura de Olinda
"Estava separada do pai dos meus filhos quando conheci um homem doze anos mais novo e me apaixonei. Isso foi há dois anos. Durante seis meses minha vida foi muito boa. Depois ele passou a beber demais e começaram as agressões. Foram três. A primeira, por ciúme de um primo meu. Ele me chamou de p... e me bateu no rosto. Avisei que não fizesse de novo. A segunda vez foi porque eu cheguei tarde da casa dos meus pais. Esperou no ponto do ônibus e me deu um tapão ali mesmo. Depois pediu desculpas e eu dei mais uma chance. Em novembro do ano passado, foi a gota d'água. Ele queria o meu cartão do banco. Recusei e levei vários chutes na barriga. Dessa vez foi demais. Saí de casa e decidi dar queixa. Fui ameaçada, ele disse que não ia dar em nada porque é primário e tem primo delegado. Dei queixa mesmo assim. Ele me procurou dizendo que, se eu retirasse a queixa, ele voltaria para mim. Eu respondi: 'Entenda isso: não foi você que me largou, eu é que larguei você. Acabou'."

Por Marco Grillo

16 comentários:

  1. Por algumas vezes sofri empurrões, puxões de cabelo, tapas na cara, ouvia palavras que me diminuiam como mulher e pessoa, mas nunca tive marcas no rosto de um soco. Nunca imaginei que pudesse acontecer comigo, nunca imaginei quanto doesse essa ação e o pior que veio exatamente do cara que eu tanto amo. Meu olho ficou roxo e inchado na hora, vou ter que usar maquiagem até essa marca sair. Pior de tudo é que mesmo diante de tantas coisas que já sofri na mão dele ainda sinto amor e imploro que ele transe comigo ou que não fique chateado. Mas como assim? Quem apanhou fui eu, mas ele insiste dizer que se apanhei foi porque mereci, porque eu provoquei. Sinceramente, a dor no olho dói, mas dói mais ainda viver essa situação e não tomar uma decisão, eu o amo e tenho medo de ficar sem ele, já quis me entregar às drogas, já quis me matar, já pensei em matá-lo, mas penso duas vezes e sempre acredito que tudo isso um dia vai passar. Me ajudem, nem que seja com uma palavra. Agradeço a quem criou esse espaço pra que mulheres como eu tenham onde recorrer pra não ter que chegar ao ponto de fazer uma besteira.

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    1. Olha se fosse eu no seu lugar ja tinha denunciado ele , a partir do momento em que um homem levanta a mão pra uma mulher pode ter certeza q ele não ama de verdade então denuncie por mais q eu o ame .....tome uma atitude q poucas mulheres têm vai até uma delegacia faça o certo você vai estar ajudando a si mesma e as outras também ....sei q o amor fala mais alto mais se você não tentar vai sofrer pelo resto de sua vida se ele te bateu uma vez vai te bater muitas e muitas vezes e isso vai se multiplicando aos poucos ele nunca vai tá feliz enquanto ele não acbar com você , vai ser difícil no começo mais pense nada é impossível quando você acredita ... esse é o conselho q te dou se você denuncia-lo vai ser a melhor coisa q fez na sua vida e não se preocupe q você encontrará um parceiro que te ame e te dê tudo o que o outro não te deu ....

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    2. espero que não seja tarde demais para te responder. Mas, eu como profissional da saúde e defensora das mulheres que sofreram e sofrem violência física e psicológica te pergunto que amor é esse que você está tendo consigo mesma? Meu Amor, tenha forças para denunciar esse cara que se alimenta de seu sofrimento (sádico) e depois disso terá uma equipe de saúde pronta para te acolher e trabalhar sua autoestima. Procure um psicólogo, seja forte! se ame um pouco! vc só tem essa vida! amanhã vc poderá ser morta por ele.... Boa Sorte, eu oro por todas vcs...

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  2. Oi entendo sua dor pois vivi situação parecida, sei como é difícil tomar qualquer atitude mas vou te indicar dois livros que vão trazer vc para a vida é depois vc decide o que fazer. (Mulher que amam demais )eo outro você pode mudar sua vida ) estes livros vão te ajudar a ser feliz outra vez.

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  3. Oi entendo sua dor pois vivi situação parecida, sei como é difícil tomar qualquer atitude mas vou te indicar dois livros que vão trazer vc para a vida é depois vc decide o que fazer. (Mulher que amam demais )eo outro você pode mudar sua vida ) estes livros vão te ajudar a ser feliz outra vez.

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  4. Eu estou sofrendo muito com meu companheiro já pedi emprego e minhas amizades vivo em casa presa sem poder ver ninguém foras dos dias q ele leva a chave e me deixa trancada.

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  5. Como faço pra contar minha história?

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    1. Estamos prontos para contar seu relato.

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    2. Estamos prontos para contar seu relato.

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    3. Tem um blog, que conta relatos de violencia doméstica. O e-mail deles é amorpropriofeminino@gmail.com
      Blog com mesmo nome.

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  6. Oi meu nome è Graciane sou casanda a 12anos tenho 27anos e 4filhos meu esposo Mer batir dês do começo do casamento deu uma parada mais voltou novamente voltou Mer umilha só Deus saber o que passo Mer ajuda por favou e ele voltou cheira

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  7. Oi meu nome è Graciane sou casanda a 12anos tenho 27anos e 4filhos meu esposo Mer batir dês do começo do casamento deu uma parada mais voltou novamente voltou Mer umilha só Deus saber o que passo Mer ajuda por favou e ele voltou cheira

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  8. preciso contar minha história,como faço

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  9. Parece fácil falar quem está do outro lado da história. Mas uma coisa é certa. Primeiro goste de você. Não aceite tal situação, só tende a piorar. Procure seus direitos. Na delegacia, na igreja, na escola... existem vários locais e pessoas que podem te ajudar. Não pode é continuar nas mãos e no querer de uma pessoa assim. Você não é um objeto ou pedaço de carne que ele usa , come e põe do lado.

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    1. Tem um blog, que conta relatos de violencia doméstica. O e-mail deles é amorpropriofeminino@gmail.com
      Blog com mesmo nome.

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