segunda-feira, 14 de junho de 2010

Pesquisa Ibope (setembro/2004)

Esta pesquisa buscou revelar o que pensa a sociedade sobre o problema da violência contra as mulheres.

• 82% dos entrevistados respondem que “não existe nenhuma situação que justifique a
agressão do homem a sua mulher”. Ao mesmo tempo, o velho ditado que afirma que “em briga de marido e mulher não se mete a colher” ainda tem boa aceitação (66%).

• Em uma lista com diversos problemas, 30% apontam a violência contra a mulher dentro e fora de casa em primeiro lugar, na frente de uma série de outros problemas, como câncer de mama e de útero (17%) e a Aids (10%). Os indicadores de preocupação com a questão da violência não mostram diferenças entre os sexos, tampouco na
maioria das variáveis estudadas. Isto é, trata-se de um problema amplamente difundido no conjunto da sociedade.

• 91% dos brasileiros consideram muito grave o fato de mulheres serem agredidas por companheiros e maridos. 6% consideram pouco grave e 1% consideram nada grave. Entre as mulheres, 94% consideram muito grave. Entre os homens, este índice é de 88%

• A percepção da gravidade da violência contra a mulher se confirma quando 90% dos brasileiros acham que o agressor deveria sofrer um processo e ser encaminhado para uma reeducação. Apesar disso, poucos casos resultam em processos na justiça e poucas instituições lidam com a reeducação dos agressores.

• A idéia de que a mulher deve agüentar agressões em nome da estabilidade familiar é claramente rejeitada pelos entrevistados (86%), assim como o chavão em relação ao agressor, “ele bate, mas ruim com ele, pior sem ele”, que é rejeitado por 80% dos entrevistados.

• Com relação ao chavão conformista “ele bate, mas ruim com ele, pior sem ele”, há diferenças significativas e culturalmente relevantes: as mulheres (83%)tendem a rejeitar mais do que os homens (76%); os mais jovens (83%), mais do que os mais velhos (68%).

• Em uma pergunta que pede um posicionamento mais próximo daquilo que o entrevistado pensa, 82% respondem que “não existe nenhuma situação que justifique a agressão do homem a sua mulher”. Em contrapartida, 16% (a maioria homens) conseguem imaginar situações em que há essa possibilidade. Observa-se que 19% dos homens admitem a agressão, assim como 13% das mulheres.

• Homens e mulheres fazem o mesmo diagnóstico: 81% dos entrevistados apontam o uso de bebidas alcoólicas como o fator que mais provoca violência contra a mulher; em segundo lugar, mencionadas por 63% dos entrevistados, vêm as situações de ciúmes em relação à companheira ou mulher.

• Menos importantes, mas citadas por três em cada dez entrevistados, vêm as questões econômicas: desemprego (37%) e problemas com dinheiro (31%). 13% citam a eventualidade de falta de comida em casa e 14%, dificuldade no trabalho.

• São menos tolerantes à agressão os entrevistados de maior renda (89%) e
escolaridade mais alta (93%). No Nordeste 74% não tolerariam agressão em nenhuma circunstância. Ou seja, nesta região um em cada quatro respondentes admite situações em que um homem possa agredir a mulher.

• O tamanho das cidades onde vivem os entrevistados chega a influir sensivelmente. Dos moradores de cidades grandes (mais de 100 mil habitantes), apenas 12% justificam a agressão; nas cidades médias e pequenas, já são 20%. A ausência de equipamentos como delegacias da mulher pode explicar esta diferença.

• É opinião geral, em todos os segmentos da amostra, que os que mais perdem nas situações de violência doméstica são os filhos do casal: assim pensam 63% dos entrevistados. 14% das mulheres dizem que elas perdem mais e 16% dos homens se reconhecem como os maiores perdedores. O que estes números sugerem é que todos perdem quando há violência na casa.Trata-se de um flagelo e uma epidemia que atinge a todos.

Metodologia da pesquisa
Qualitativa, a pesquisa tem como base 2.002 entrevistas pessoais, realizadas de 9 a 14 de setembro de 2004, com homens e mulheres de 16 anos ou mais, com diferentes níveis de escolaridade e renda. As entrevistas foram realizadas em 140 municípios, incluindo todos os estados brasileiros, nas capitais, em regiões metropolitanas e cidades menores selecionadas probabilisticamente. A margem de erro máxima da pesquisa é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. O intervalo de confiança estimado é de 95%.

Fonte: http://copodeleite.rits.org.br/apc-aa-patriciagalvao/home/pesquisa.pdf

Por Marco Grillo

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